29 de maio de 2009

Décimo Papel

Entre os espaçados tijolos
Vi o cinza de uma liga sentimental
E, entre buracos no muro, o desespero
Abalado por partidas inacabadas.

Inconseqüente, o som, veio na forma de código
Esquentando meu ouvido com segredos decifráveis
Distoando do sossego que outrora visitei
Trazendo-me a insegurança infantil.

E neste concerto dos desapegados
Tratei de apagar os afins passageiros
Aparafusei meus presságios no quadro da realidade
Tirando a tinta da parede do meu sonho.

Anderson Ferreira, Octavio Peral e Carlos Augusto

28 de maio de 2009

Nono Papel

Uma feira comum e de doce normalidade.
Se estranhavam os iguais
Embalados pelas finitas variâncias
Das frutas e legumes ali expostos e oferecidos.

Quando os olhos sossegavam
Apoiavam-se no sustento familiar
E divertiam-se com pedaços espalhados
Matando quem os matava.

Nas cascas, nos caules, o cruel desabrocha
E mostra aos fregueses observadores
Que como o desespero mora ali
Cegar-se do fatal é enfim o natural.

Octavio Peral, Carlos Augusto e Anderson Ferreira

8 de maio de 2009

Oitavo Papel

Vejo-lhe sem direção
Visão maqueada pelo sono.
Na galeria, vi-o passar indiferente
Talvez pensando no que falei.

Tratei de expor-me em delírios
E através de cacos, vi
Que ele, sem medo de errar, esqueceu
Um torpe passado pareado ao meu.

Fatigada e entregue, deixo-lhe o pesar
Do meu triste fim
Envolta em buquês e lágrimas
Nem me importo mais; embora contigo irei.

Carlos Augusto, Anderson Ferreira e Octavio Peral

7 de maio de 2009

Sétimo Papel

Minha memória fraca
Comovida e comovente
Trouxe embrulhada em lágrimas
A data que esqueci.

Imundos fatos e tratos
Em tons de cinza e sem foco
Faz eu não relembrar e chorar.
Possíveis cascatas se visitasse o passado.

Na tentativa de sombrear o incomum
Fiz apagar o que não lembrei.
Verdade envolta nas manchetes
E em letras garrafais, apagou-se o arquivo.

Carlos Augusto, Anderson Ferreira e Octavio Peral

1 de maio de 2009

Sexto Papel

Nos borrões da face estada a alegria
Dentre malabarismos, o sorriso surgia
Indo com os malabares, olhos de tensão
Por sob a lona, episódios ditosos.

Sentado, o público está apreensivo
Interessado no erro e na desgraça
Buscando um cinismo no ato rodado
Sem medo do tombo inesperado.

E a jovial alma do palhaço
Navega em mente espectante
E ele com sua tinta triste
Continua, sem recompensa, atrás d'um riso.

Anderson Ferreira, Carlos Augusto e Octavio Peral